GROO - A VERSÃO DESAJEITADA DE CONAN


Quando Robert E. Howard criou "Conan o Bárbaro", em 1932, foi ridicularizado por seus colegas escritores. O personagem só emplacou muito tempo depois de sua morte e só virou febre internacional a partir de seu lançamento em gibis da Marvel Comics, em 1970. Howard também nunca sonhou que seu personagem seria implacavelmente espinafrado por um cartunista mexicano, com a criação do satírico Groo, o Errante.

Depois de estrelar uma edição da série Graphic Novel, da Abril Jovem, Groo foi lançado pela mesma editora em gibi mensal no formato americano. A edição brasileira contém duas das edições originais da Epic, a subsidiária da Marvel que edita tanto o Groo, como o próprio Conan.
"A Canção de Groo" abria o gibi, onde na primeira página, de cara, Aragonés, o criador do personagem se apresenta, trabalhando na prancheta e gozando sua própria cria. Depois, a narrativa passa para um menestrel cínico, um dos personagens fixos da série, "cantador das engraçadas e esborneantes" aventuras de Groo, que é um imbecil completo. A origem de Groo, a editora só publicou depois, como nos EUA, contando as desventuras do herói retardado, quando menino, e porque sua deliciosa irmã, Grooella, o odeia com tanta fúria.
"O Matador de Dragões", segunda historieta da edição de estréia, Groo é contratado por um rei para acabar com um dragão, que periodicamente exige uma virgem do reino. Groo descobre que não existe dragão nenhum e sim um espertinho, que está montando um harém numa caverna, onde simula as labaredas de fogo do falso monstro. Groo se associa com o pilantra e, como não podia deixar de ser, um ato do mentecapto anti-herói põe tudo a perder.
Novos personagens vão sendo introduzidos no decorrer das aventuras, como um velho sábio que, naturalmente, Groo (por sua burrice) não consegue compreender, e a de um galã fortão que tem um furinho no queixo, a la Kirk Douglas, e extremamente afetado. E principalmente Chakaal, uma deliciosa guerreira loira, sátira de Red Sonja (a guerreira da série Conan) e por quem Groo se arrasta de paixão e não é correspondido. Aliás, ela odeia o herói incompetente.
As duas primeiras edições do gibi apresentam informações e curiosidades sobre o extrovertido criador do bárbaro trapalhão. Que tem como editor o cartunista Marcelo Alencar.
Algumas edições depois, um interessante "Dicionário de Bárbaros" complementa o gibi.
Todas as aventuras de Groo são frutos de criação coletiva entre Aragonés e Mark Evanier, o roteirista da série. A dupla, ao lado do colorista Dom Luth, também aparece com freqüência, caricaturados nas historietas.
Como a maioria dos artistas, Aragonés é narcisista. Tanto que, nos anos 70, não titubeou em aceitar o convite de um amigo do ramo cinematográfico para interpretar o gerente de hotel no filme "Norman é ou não é?".
Quem conhece a carreira de Aragonés, com seus geniais cartuns mudos, se espanta com esta sua empreitada. Seus cartuns, apesar de desenhados com muito detalhe, são simples e imediatistas. Diferente dos quadrinhos que exigem muita dedicação, repetição de personagens, concepção de ângulos, ritmo narrativo e principalmente muita informação literária. Por isso, ele não tardou em receber elogios de seus colegas, não menos brilhantes, Quino e Mordillo.
Antes de circular pela Epic, Groo foi lançado em 1982 pela Pacific Comics, uma editora de San Diego, que encerrou suas atividades em 1986. Foram apenas seis gibis, onde Evanier também prestava sua colaboração e também o brasileiro Rogério "Pancada" (assim apelidado devido a fama de seus trabalhos na revista de humor "Pancada" da Abril). As seis edições da Pacific foram recentemente reeditadas pela Epic na série batizada de "Crônicas de Groo".
"Quando conheci o Groo através de sua graphic novel adorei o personagem. Saí pela redação vibrando: "Temos que editar o Groo", disse Marcelo Alencar, um dos editores da redação de quadrinhos adultos da Abril Jovem e principal responsável pelo lançamento do personagem no Brasil.
"É norma aqui da casa, quando chega um material dos Estados Unidos, dividi-lo entre os editores para serem feitas avaliações. Acabamos editando a "graphic" do Groo na nossa "Série Graphic Novel", com certo receio. Ela foi a primeira de humor da coleção e foi para a banca com um grande agravante, seu preço de capa era o dobro da edição anterior. Fomos muito criticados por isso. Mas o leitor, que é quem na verdade decide tudo, aprovou o Groo. A edição vendeu superbem e teve um grande retorno em termos de cartas. Daí o jeito foi lançar a revista de linha do Groo mensal", conclui Alencar.
A exemplo da série Asterix, ou ainda Lucky Luke, Groo adota um cachorro vira-lata para acompanhá-lo em suas aventuras. O nome do bicho é Rufferto; é tão idiota quanto Groo e idolatra seu dono. Mas ele também possui um ciúme doentio, o que até atrapalha a vida amorosa do herói.
Antes de ir para as bancas, Groo sofreu uma série de testes, para verificar se seria possível lançar a revista em formatinho, que, notoriamente, vende mais e circula com preço menor. Mas os testes com os desenhos de Aragonés não possibilitaram o formato menor. O artista é muito detalhista e recheia até os cantos de seus quadrinhos, com ilustrações que, se reduzidas, desapareceriam. Assim, a edição teve que ser lançada no Brasil com o mesmo formato da americana. Este detalhe do tamanho dos desenhos de Aragonés é muito importante porque, há décadas, ele faz assim para a revista Mad na "Sessão Marginal" composta por cartuns mudos, desenhados minusculamente e impressos nas margens da revista. No caso do gibi do Groo, Aragonés desenha para ser publicado no formato maior e ainda para que receba colorização na gráfica.
A questão desta colorização também recebe alteração na edição brasileira. Nos EUA, o Groo é impresso em papel jornal, que absorve muita tinta. Assim, sua colorização é feita através de filmes com pontos abertos. Na edição brasileira, impressa em rotogravura, Groo foi recolorizado seguindo as guias originais, mas num processo padrão da Abril Jovem, que deixa as cores mais lineares com pontos fechados.

Matéria publicada na Folha da Tarde em 1991

Bateu a saudade?

Divertam-se! Um hd repleto de hqs do bárbaro mais atrapalhado da história.

HD - Virtual - Groo, o Errante


PS: Antes que alguém grite, o hd não é meu. Encontrei navegando na net.

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2 Comentários

  1. Puxa, n�o � por nada n�o, mas acho q a HD q vc disponibilizou nesse post do Groo n�o tem nada a ver com ele. Ser� q o link n�o t� errado...>

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  2. Olá Adriana...
    Desculpe a demora, mas o HD onde estavam as revistas não era da Fê. Na realidade ela achou ele navegando por aí.
    De qualquer forma, aqui tem um link onde tem algumas das revistas dele.

    http://www.4shared.com/dir/4500515/d7259806/Groo.html

    Abraços

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