40 anos do Homem na Lua, parte 1

Em 20 de julho de 1969, aparelhos de televisão em todo o mundo transmitiram a mesma imagem indistinta: Neil Armstrong descendo a escada do Módulo de Pouso Lunar Eagle e tocando a superfície da Lua com sua bota. A frase dele, "um pequeno passo para um homem, um salto imenso para a humanidade", tornou-se uma das mais conhecidas na história. O famoso pouso foi um final triunfante para a corrida espacial

Mas aquele momento histórico na superfície do satélite foi resultado de muitos anos de esforços dos programas espaciais norte-americano e soviético. Os astronautas que primeiro desceram à superfície da Lua tiveram de viajar 383 mil quilômetros para chegar ao seu destino, sobreviver ao severo ambiente lunar e voltar à Terra incólumes. Não foi uma tarefa fácil.

Até hoje, apenas 12 pessoas - todas homens e todas integrantes do programa espacial dos Estados Unidos - caminharam na Lua. No entanto, a exclusividade desse grupo de elite pode em breve mudar. A Nasa, programas espaciais de outros países e diversos empresários privados planejam novas missões, que podem enviar seres humanos de volta ao satélite em poucos anos.

A corrida à lua

Nos anos 50, os Estados Unidos estavam envolvidos em uma corrida pelo domínio do espaço. A competição com a União Soviética era resultante da Guerra Fria. Em 2 de janeiro de 1959, a espaçonave soviética Luna 1 fez o primeiro vôo nas proximidades do satélite natural da Terra, chegando a 5.993 quilômetros da superfície da Lua. Os russos também foram os primeiros a enviar uma espaçonave diretamente ao satélite, em 12 de setembro de 1959, com a segunda missão Luna.

Mas em 25 de maio de 1961, o presidente John Kennedy lançou um desafio, em discurso ao Congresso: "Acredito que este país deveria assumir o compromisso de, antes que a década acabe, levar um homem à Lua e trazê-lo de volta em segurança à Terra". Os astronautas norte-americanos aceitaram o desafio e, em 3 de março de 1959, a sonda Pioneer 4 se tornou a primeira espaçonave dos Estados Unidos a ser lançada à Lua.

O programa norte-americano Ranger, realizado entre 1961 e 1965, conduziu nove missões à Lua. Em 1962, a missão Ranger 4 chegou à superfície da Lua, mas não conseguiu remeter dados antes de colidir com o satélite. Dois anos mais tarde, a Ranger 7 obteve e enviou mais de quatro mil fotos, antes de colidir com a superfície lunar.

A próxima etapa da corrida lunar seria conseguir promover o pouso suave de uma espaçonave, sem colisão. Os soviéticos chegaram primeiro que os norte-americanos, com o pouso da Luna 9, em 3 de fevereiro de 1966, mas os Estados Unidos não estavam muito para trás. A missão Surveyor 1 fez um pouso controlado na superfície lunar cerca de três meses mais tarde.

Todos esses marcos na exploração lunar conduziam ao objetivo final: levar uma espaçonave tripulada a um pouso no satélite. No entanto, uma tragédia destruiu o módulo de comando Apollo em um incêndio durante um teste de simulação de vôo, em 27 de janeiro de 1967, causando a morte dos astronautas Roger Chaffee, Virgil "Gus" Grissom e Edward White. A Nasa deu ao teste o nome de missão Apollo 1, como forma de homenagear os astronautas mortos. Devido ao incêndio, a organização adiou por um ano seu programa de aterrissagem lunar, a fim de redesenhar o módulo.

O atraso não foi a única dificuldade que os astronautas tiveram de enfrentar. A fim de executar com sucesso uma manobra de pouso lunar, os cientistas tinham de tirar a espaçonave da gravidade da Terra, colocá-la em órbita em torno da Lua, pousar sem colisão e voltar atravessando a atmosfera terrestre sem que o aparelho se queimasse.


A Nasa lançou os primeiros homens do novo programa espacial ao espaço em 11 de outubro de 1968. A tripulação, composta pelos astronautas Wally Schirra, Donn Eisele e Walter Cunningham, completou 163 órbitas da Terra e passou quase 11 dias no espaço.

A missão Apollo 8 foi lançada em 21 de dezembro de 1968. Foi a primeira missão tripulada a usar o foguete Saturno V, que tinha potência suficiente para levar a espaçonave a uma órbita lunar. A tripulação, composta por Frank Borman, James Lovell e William Anders, circundou a Lua e voltou com sucesso à atmosfera terrestre.

Em 3 de março de 1969, foi lançada a missão Apollo 9. James McDivitt, David Scott e Russell Schweickart completaram 152 órbitas da Terra e praticaram os procedimentos de acoplagem entre o módulo de comando (que abrigaria os astronautas no espaço) e o módulo lunar (que realizaria o pouso na Lua). Era preciso aperfeiçoar esses procedimentos antes de tentar o pouso em si.

O estágio final de ensaio surgiu em 8 de maio de 1969, com o lançamento da Apollo 10. A missão envolveu todos os estágios de um pouso lunar - excetuado o pouso em si. Thomas Stafford, o comandante, e Eugene Cernan, o piloto do módulo lunar, conduziram o aparelho a uma distância de 15 mil metros da superfície da Lua, enquanto John Young pilotava o módulo de comando em órbita do satélite.

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