Porto Alegre vira a noite para ver Guns N' Roses (Larissa de Oliveira) | Volume

É difícil resenhar o último show da turnê brasileira de Chinese Democracy. Todo mundo já sabe das inúmeras trocas de figurino na apresentação, as pirotecnias do palco, ou mesmo está cansado de ouvir que o Axl 2010 já não é mais o vocalista sexy de outrora, e que seu rebolado já não tem mais aquela ginga. Mas, neste caso, resenhar o show desta terça-feira, 16 de março, é sobretudo resenhar o primeiro show do Guns N’ Roses em Porto Alegre. E aí a coisa muda de figura.

Mas vamos começar do princípio. O show atrasou assim como os anteriores realizados no país. E Tequila Baby, como mencionado no post anteiror, não tocou mesmo. Às 23h40min, a Rosa Tatooada subiu ao palco para avisar - sob vaias e palavrões do público - que há 20 minutos achava que nem ela, nem a Tequila, iriam tocar, mas que faziam questão de estar ali e representar o rock gaúcho. Seguiram-se 15 minutos de hostilidade e objetos jogados no palco até a platéia se solidarizar na terceira e última música, quando uma bandeira do Rio Grande do Sul foi puxada pelo vocalista.

Grata surpresa foi o show de Sebastian Bach que – no melhor estilo headbager - não só domou os fãs enfurecidos como conseguiu que gritassem repetidas vezes o seu nome. Com a cabeleira loira esvoaçando e o microfone girando loucamente, o ex-Skid Row bradou versos simpáticos de desculpas pelo atraso, um papo sobre os equipamentos terem sidos destruídos no Rio de Janeiro e etc (tudo em português).



Em resumo, o Bastião – como ouvi ser chamado por alguns fãs engraçadinhos – preparou muito bem o palco para Mr. Rose chegar. Era 1h50min quando, cheio das pirotecnias já mencionadas, o Guns N’ Roses entrou em cena. A banda pediu desculpas a POA pelo atraso via twitter:



Definitivamente, um fã do Guns precisa de “just a little patience”. Mas quem espera quase 15 anos pelo lançamento de um álbum (Chinese Democracy) espera algumas horas a mais para ouvir os clássicos que embalaram suas vidas. A prova é que a platéia foi à loucura já nos primeiros acordes da canção homônima.

O Axl que veio a Porto Alegre parecia ser um Axl mais tranqüilo do que aquele que excursionou por Brasília, Belo Horizonte e São Paulo. Não xingou ninguém nem reclamou de muita coisa. Só do chão que ainda estava um pouco molhado do suor do Bastião. Resultado: tocou quase todo o show com toalhas espalhadas pelo palco e gente dando uma ou outra secadinha aqui e ali.



Mesmo assim, o show seguiu até o fim de maneira empolgante, emocionada e cheia de vigor. Não podia ser diferente para quem tem uma carreira recheada de clássico. Só quem hibernou os últimos 20 anos nunca ouviu os acordes de Sweet Child O’mine.

Sinceramente, não sei dizer se a formação clássica do Guns faz falta. Eu, por exemplo, só a vi em vídeos de shows no youtube e em clipes da MTV. Brincadeira! Tem, sim, muita gente que sente falta do Slash. E, tanto ele faz falta, que o DJ Ashba não dá conta sozinho dos solos inventados pelo cara. É um revezamento só para suprir a falta do músico no grupo.

As pessoas estavam ali mesmo era para ver o Axl! Confesso que não identifiquei muitos fãs do Slash à primeira vista, mas com certeza vi milhares de fãs do vocalista (de bandana e tudo). Curioso é que ele ainda provoca delírios por ser simplesmente... Axl Rose. É por ele que os fãs ficaram horas na fila, aceitaram trocar suas cadeiras no Gigantinho por uma arquibancada de madeira na Fiergs, subiram nas instalações dos banheiros para ver melhor o show (retirados dali sem muita demora), passaram mal na platéia ou sofreram de outros dramas típicos de grandes aglomerações.

Axl continua sendo um grande frontman, que provoca emoção tantos nos momentos mais intimistas do show (November Rain é de chorar) quanto nos cheios de peso. Depois do bis, ele ainda tentou ser simpático com a platéia. Chamou uma menina que estava de aniversário para subir no palco, mas, em uma tentativa frustada de diálogo com quem estava na primeira fila VIP, o cantor não obteve ajuda na tradução e ficou bem irritadinho. No fim, fez a galera cantar um Happy Birthday e acabou tendo o rosto todo beijado pela aniversariante. Ainda assim saiu jogando microfone e mais do que irritado com a falta de um tradutor. Mostrou ainda ser o bom e velho Axl.

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