Cenógrafo brasileiro Cyro del Nero morre aos 78 anos

Ex-diretor de arte da TV Globo fez aberturas de diversas novelas.
Ele é considerado um dos pioneiros na produção de videoclipes no Brasil.

Morreu na madrugada deste sábado (31), aos 78 anos, o cenógrafo brasileiro Cyro del Nero. Paulistano do bairro do Brás, ele criou cenas para diversas peças de teatro e óperas, além de ter um importante papel na TV brasileira.

Segundo sua assessoria de imprensa, a causa da morte foi insuficiência coronariana e ele deixa esposa e sete filhos.

O velório de del Nero foi realizado na tarde deste sábado (31) na capela do Cemitério Primaveras, em Guarulhos. Seu corpo foi cremado às 17h no crematório do mesmo local, projetado por ele em 2004, com jardins de inverno que considerava "atemporais".

Del Nero foi considerado o melhor cenógrafo nacional da 5ª Bienal de Artes Plásticas de São Paulo e também era professor titular da Universidade de São Paulo dos cursos de cenografia e indumentária teatral na USP.

Além de passar pela TV Record, Tupi e Excelsior, ele foi diretor de arte da TV Globo e responsável por diversas aberturas de novelas, além de criar as aberturas, vinhetas e o cenário dos números musicais do “Fantástico” na década de 1970. Eles são considerados os primeiros videoclipes musicais produzidos no país.

Dentre os seus trabalhos, merecem destaque as aberturas da novela "Gabriela" (1975) e do infantil "Vila Sésamo".

Também fez os logotipos do primeiro "Roberto Carlos Especial", de 1974, do folhetim "O espantalho" (exibido na Record, em 1977) e da TV Bandeirantes. O desenho atual é uma variação do modelo criado por ele no começo dos anos 1980.

Dentre os números musicais que produziu, "Gita", de Raul Seixas, é marcante. Criado em 1974, ele serviu de modelo para todos os outros feitos pelo "Fantástico". Pela inovação de "Gita", o cenógrafo disputa com Nilton Travesso o título de "primeiro videoclipe brasileiro".



Em 1975, Travesso dirigiu para o programa dominical o clipe de "América do Sul", de Ney Matogrosso. Ele defende que esse foi o primeiro videoclipe nacional por não ter sido realizado em estúdio e por utilizar o recurso da dublagem.



No ano passado, del Nero lançou o livro "Máquina para os deuses: anotações de um cenógrafo e o discurso da cenografia", em que analisava as origens e a evolução da arte cenográfica. Durante o lançamento, ele foi entrevistado no "Programa do Jô".

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