Guitarra de John Fogerty seduz velhos hippies paulistanos

Image634405032842382433John Fogerty, 65, ex-líder do Creedence Clearwater Revival, criou o chamado swamp rock (rock do pântano) no final dos anos 1960. Trata-se de usar guitarras limpas, leves, sem distorção, e uma pegada próxima da música country.

Pois o show que Fogerty fez na noite de domingo (8), no Credicard Hall, não foi nem um pouco leve. Exibindo seu lado "guitar hero", o cantor fez uma retrospectiva de sucessos de seu lendário grupo e de sua carreira solo, numa festa que merecia público maior --a casa tinha aproximadamente 60% de sua lotação, cerca de 3.000 fãs na platéia.

Esses fanáticos, muitos deles cinquentões que já perderam os cabelos que balançavam ao som do Creedence na juventude, viram um cantor entusiasmado, claramente feliz por tocar diante de uma audiência que nunca havia encontrado antes. A primeira passagem de Fogerty por São Paulo acaba com um show no mesmo local na terça-feira (10).

Claro que os hinos hippies do Creedence renderam as melhores respostas do público. "Proud Mary", "Bad Moon Rising", "Who'll Stop the Rain" e a politizada "Fortunate Son" foram cantadas de ponta a ponta pelos fãs.

Ao anunciar "Have You Ever Seen the Rain", talvez o maior hit da banda no Brasil, Fogerty disse que essa canção o faz se lembrar da filha caçula, mas que gostaria de dedicá-la à mãe dela, e a todas as mães presentes. Arrancou fáceis suspiros.

Dos grandes momentos do Creedence só faltou mesmo "Green River", apesar de Fogerty e sua banda terem voltado ao palco duas vezes para atender pedidos de bis. No ótimo grupo de apoio, destaque evidente para o baterista Kenny Aronoff, que fez fama roqueira tocando com John Cougar Mellencamp.

Números da carreira solo de Fogerty também empolgaram, como "The Old Man Down the Road". Foi um dos muitos momentos em que o cantor e compositor Fogerty abriu bom espaço para seu lado guitarrista. Ele é simplesmente espetacular, como solos rasgados e furiosos conversando com outros de uma suavidade quase sensual.

Entre os muitos covers, "Oh Pretty Woman", de Roy Orbison, e "Good Golly Miss Molly", de Little Richard, quase derrubaram o recinto.

Depois de uma hora e meia de rock, blues, country e uma verdadeira aula de guitarra e composição roqueira, John Fogerty agradeceu ao público paulistano com um sorriso aberto, infantil. Um veterano do rock de bem com a vida.

Folha.com

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