Música eletrônica, videogames, Flynn’s Arcade e construção de marca se misturam no maior empreendimento de marketing em favor de um filme da história recente da Disney.
por Fábio M. Barreto, de Anaheim
Cheguei a Hollywood em janeiro de 2008 e, pelo menos período, posso afirmar que a Walt Disney nunca investiu tanto em um filme quando fez com Tron: O Legado. Deixe os anúncios de TV, internet e outdoors de lado, enquanto Joseph Kosinski e Steven Lisberger batalharam para romper a barreira virtual, a Disney ousou como nunca dentro do seu maior tesouro: seu parque de diversões. Filmes de sucesso ganham atrações fixas, participam das paradas iluminadas, mas nunca se viu um filme inédito remodelar a cara do parque, atrair milhares e ajudar a construir uma marca cada vez mais irresistível, independente da qualidade do longa-metragem em questão. Essa é a essência de eleTRONica, um espaço dedicado à música eletrônica, jogos de videogame, dança e até mesmo a versão mais atual do icônico Flynn’s Arcade, instalado temporariamente no California Adventure, o parque mais “adulto” do complexo da Disneylândia. SOS Hollywood visitou o evento, conta como é e ainda mostra fotos exclusivas! A cobertura em vídeo fica pronta até o fim da semana!
Devo assumir, entrei de vez nessa onda de Tron: O Legado. Não no hype, que é baseado em informações de terceiros e em expectativas exageradas. Tenho vivido essa influência direta desde a Comic-Con, quando cantei a bola de que seria o “filme evento” da convenção e do ano. Durante a cobertura, visitei o Flynn’s Arcade – o fliperama do primeiro filme – e entrevistei o Bruce Boxleitner lá dentro, além de ver o escritório secreto de Flynn. Consegui jogar, ganhei algumas fichas comemorativas e lavei a alma lá dentro. Foi memorável. Carrego aquela lembrança até hoje e ela não vai embora. Especialmente por eu ter passado meses pensando que seria a primeira, e última vez, que vivenciei aquilo. Estava enganado. Ainda bem! Mas calma. Tudo a seu tempo.
Na área imediatamente à esquerda da entrada do parque, onde ficam os simuladores de Monstros S/A, Muppets 3D show, a montagem teatral de Alladin, o tour pelo processo de animação e algumas lojas, havia uma linha de contenção. Muita gente já se acumulava ali e as 18h20 o público foi liberado. Luzes, lasers, projeções nas paredes, cores e mais cores tomavam conta da área transformada. Imagens eram projetadas para todos os lados, padrões vetoriais, construções iluminadas, um verdadeiro show visual. A primeira porrada efetiva aconteceu quando vi um Recognizer em (possivelmente) tamanho natural servindo como portal. Dali para a frente era outro mundo, como se o setor anterior fosse um mero túnel de acesso.
Mais ao fundo, à esquerda, imediatamente ao lado do brinquedo de Monstros S/A – que ainda estava em operação – estava o bar End of Line, um dos cenários do filme. Visualmente fantástico! Entretanto, o melhor estava para o final. Gosto de pensar em coisas que geram reação espontânea e, especialmente, inesperada. Estava com a família e nunca vou me esquecer do sorriso da minha esposa na hora em que reagi à melhor das surpresas: “Eles montaram o Flynn’s Arcade! Aimeusantoyodadaimaculadashmiskywalker!”. Seus olhos brilharam e pude ver felicidade por, finalmente, poder curtir algo bacana e junto comigo. A vida aqui é sempre solitária. Um sai, o outro cuida da Ariel. Dessa vez tudo rolaria em conjunto.
Sem brincadeira, praticamente apostamos corrida para ver quem chegaria mais rápido ao fundo do espaço, onde um gigantesco galpão se transformou no Flynn’s. Quatro torres na entrada permitiam aos visitantes participar de competições do jogo temático para Wii, duas cabines na lateral direita – ao lado de um lounge de poltronas brancas – tinham os jogos em XBOX e PS3. No centro de tudo isso o luminoso brilhava desafiante. Um mundarél de nerds já estava lá dentro.
O espaço era maior que a versão de San Diego e, dessa vez, os jogos eram pagos. US$ 0,25 por ficha. As paredes de tijolos marrons decoradas com neon, música dos anos 80 tomando o ambiente e pelo menos umas 30 máquinas, inclusive uma mesa de Pebolim! Chegar perto de Tron era difícil, afinal, só há uma máquina disponível seguindo o conceito do filme. Space Paranoids tinha mais unidades, então foi mais fácil. Clássicos que, até então eram propriedades do Atari, se mostraram mais legais e desafiantes no fliperama como, por exemplo, Bezerk! Enquanto fugia desesperadamente da “bolinha” do labirinto de robôs, as luzes do lugar piscaram e apagaram. A voz de Alan Bradley (Bruce Boxleitner) tomou o ambiente enquanto ele contava a Sam (Garrett Hedlund) de que havia recebido uma mensagem do fliperama. Daquele fliperama! Tudo perfeito demais. Tudo nerd demais.
A sensação da primeira vez se manteve nessa segunda visita. O simples fato de estava novamente dentro de um fliperama já valia a pena. Há anos não encontro um ambiente decente e limpo para jogar, muito menos levar a família, fora de um shopping. A HotZone do Shopping Morumbi era legal, mas não tinha aquele clima. E as máquinas, nossa. As fichas personalizadas com o nome do Flynn’s Arcade. É aquela perfeição projetada da Disney, mas quem se importa, fez efeito e pronto. Viajei grandão.
Para completar o sonho, Ariel – devidamente acordada pelo barulho da coisa toda – deve ter achado que ainda estava sonhando pelo clima do lugar e pelo fato de eu deixar ela jogar o que quisesse! Assim, ela recebeu suas primeiras fixas de fliperama e foi jogar Bezerk, Donkey Kong Jr e Zaxxon! Chorei de emoção! Foi lindo! A Disney gosta de dizer que “constrói memórias”. Bom, foi a primeira vez que fez isso por mim. Marketing ou não, tudo isso me divertiu, me aproximou da minha família e explodiu minha cabeça! É uma experiência que todo nerd tarja preta deveria ter na vida!
Sábado que vem volto lá, pode apostar!www.soshollywood.com.br
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