O grupo italiano Benetton anunciou nesta quarta-feira (16) a decisão de retirar de circulação de sua nova campanha publicitária uma fotomontagem que mostra o Papa Bento XVI "beijando" na boca o imã da universidade egípcia de Al Azhar, Ahmed el Tayyeb.
"Lembramos que o sentido desta campanha é exclusivamente combater a cultura do ódio sob todas as formas", comentou, em comunicado, a Benetton, lamentando o fato de a utilização da imagem ter "ofendido os sentimentos dos fiéis"
O Vaticano considerou a fotomontagem falta de respeito a Bento XVI. Em um comunicado, o porta-voz da Santa Sé, Federido Lombardi, havia disse que o Vaticano vai recorrer às autoridades competentes para "garantir o respeito à figura do Santo Padre".
O Vaticano afirmou que a campanha se trata de "um uso inaceitável da imagem do Santo Padre, manipulada e instrumentalizada no marco de uma campanha publicitária com fins comerciais".
"Trata-se de uma grave falta de respeito com o Papa, uma ofensa aos sentimentos dos fiéis, uma demonstração evidente de como uma publicidade pode violar as regras elementares do respeito às pessoas para atrair a atenção mediante uma provocação", continua o texto. saiba mais Campanha polemiza com 'beijos' entre líderes políticos e religiosos.
A fotomontagem, que faz parte da nova campanha "United Colors of Benetton" chamada "UNHATE" ("não ódio"), foi apresentada nesta quarta por Alessandro Benetton, vice-presidente do Benetton Group, em Paris.
Luca Borgomeo, presidente da Associação dos telespectadores católicos italianos, também pediu a retirada imediata da publicidade.
Uma outra imagem impactante foi colocada em outro banner diante da catedral de Milão, mostrando Barack Obama beijando o presidente chinês, Hu Jintao.
Segundo a Benetton, não está prevista a veiculação da campanha no Brasil.
O grupo Benetton e seu fotógrafo Oliviero Toscani tornaram-se célebres por suas fotomontagens provocadoras nos anos 1990, entre elas a de uma irmã de caridade sedutora, que se apresenta vestida num hábito branco beijando um jovem padre de batina preta.
O fotógrafo italiano comprometeu-se com temas ligados à liberdade sexual, Aids e mais geralmente contra descriminações a comunidades, raças e culturas.
As relações entre o Papa e o imã sunita de Al-Azhar são difíceis, principalmente depois que Bento XVI expressou solidariedade às vítimas do atentado que fez 21 mortos numa igreja de Alexandria, no dia 1º de janeiro passado.
O imã interpretou os protestos como uma intromissão do Vaticano nos assuntos religiosos de seu país.
"Trata-se de imagens simbólicas - com um toque de esperança irônico e de provocação construtiva - para promover uma reflexão sobre a maneira pela qual a política, a religião, as ideias, mesmo se opostas e diversas, podem levar ao diálogo e à mediação", justificou-se a Benetton.
Fonte: G1
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