Um falha impediu nesta quarta-feira (9) que a sonda espacial russa Phobos-Grunt seguisse rumo a Marte. Ela ficou presa em órbita nesta quarta após falhas no equipamento e causa preocupação, pois pode se espatifar e liberar toneladas de combustível muito tóxico na Terra, a menos que engenheiros consigam colocá-la no rumo correto.
A missão Phobos- Grunt tinha como objetivo chegar à lua Phobos, que orbita Marte. A sonda foi lançada na madrugada desta quarta-feira pelo foguete Zenit-2. O lançamento feito na base de Baikonur, no Cazaquistão, foi transmido ao vivo pela TV russa. A sonda e o foguete se separaram cerca de 11 minutos depois do lançamento. O motor deveria ser acionado duas vezes, o que não aconteceu. A sonda não seguiu a trajetória para Marte e ficou presa em órbita.
As estimativas sobre o tempo que a sonda poderia ficar em órbita antes de cair na Terra ainda não foram bem definidas. Especialistas ouvidos por agências de notícias da Rússia estipularam prazos que variam entre cinco dias e um mês.
James Oberg, consultor sobre assuntos do espaço e que trabalhou na Nasa, disse que ainda é possível recuperar o controle da sonda. “Isto não é um desafio impossível”, disse Oberg. “Nada irreversível aconteceu, ainda há combustível, e em curto prazo manobras de segurança ainda podem ser feitas”. Ele usou como por exemplo usar os painéis solares da sonda para carregá-la.
Oberg avisa, no entanto, que se os controladores falharem em religar a Phobos-Ground, toneladas de combustível altamente tóxico podem torná-la a mais perigosa sonda espacial a cair da Terra. “Cerca de sete toneladas de tetróxido de nitrogênio e hidrazina podem fazer dele o satélite mais tóxico da história”, disse.
“O que foi anunciado como a mais forte sonda interplanetária pode se tornar um dos mais fortes deserções do espaço e que pode cair, fora de controle, na Terra”, disse.
"Sempre demos muito azar com Marte"
Vladimir Popovkin, chefe da agência espacial russa, disse que um motor da sonda Phobos-Grunt, que custou 163 milhões de dólares, deixou de funcionar. Agora, os técnicos terão apenas três dias para corrigir a rota, antes que a bateria da sonda acabe.
"O motor não disparou, nem a primeira nem a segunda queima ocorreram. Isso significa que a sonda foi incapaz de encontrar sua localização pelas estrelas", disse Popovkin à TV estatal russa no cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão.
Horas depois, uma fonte, que não quis se identificar, disse à agência Interfax que a Phobos-Grunt ficou na órbita terrestre devido ao funcionamento defeituoso do sistema de comando. "Os especialistas haviam advertido que o sistema de comando da sonda interplanetária não estava pronto. O risco de fracassar por seu mau funcionamento era muito alto. Infelizmente, se cumpriram as piores previsões", ressaltou. A fonte indicou ainda que a possibilidade de recuperar a sonda é mínima, e acrescentou: "Seria um milagre".
Enquanto isso, outro especialista, ouvido pela EFE, advertiu que a órbita de apoio na qual a Phobos-Grunt se encontra é bastante baixa, motivo pelo qual não seria possível reprogramar seu voo e existe o risco de que caia na Terra.
"Nessa órbita, a sonda pode se manter entre cinco e dez dias, período após o qual como resultado da perda de velocidade entrará nas camadas densas da atmosfera e cairá na Terra", disse.
O lançamento da Phobos-Grunt deveria marcar o início de uma missão de 34 meses que incluía o voo a Phobos, uma das duas luas de Marte, a aterrissagem em sua superfície e, finalmente, o retorno à Terra de uma cápsula de 200 gramas com amostras do solo do satélite marciano.
O projeto, com um custo de 5 bilhões de rublos (cerca de US$ 170 milhões), caso possa ser concluído, permitirá o estudo da matéria inicial do sistema solar e ajudará a explicar a origem de Phobos e Deimos, a segunda lua marciana, assim como dos demais satélites naturais no sistema solar.
Desde a década de 1960, no auge das incursões soviéticas ao espaço, os cientistas russos sonham em explorar Phobos, um objeto em formato de batata, com apenas 22 quilômetros de diâmetro. Duas missões anteriores, lançadas em 1988, fracassaram - uma delas "sumiu" a poucos metros da superfície. Em 1996, outra nave russa não-tripulada com destino a Marte se estilhaçou na atmosfera após um lançamento desastrado.
(Com informações da AP, EFE e da Reuters)
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