Uma paixão oriunda do começo dos anos 80…
Meu avô gostava dos aparelhos da Philips e nós sempre tivemos equipamentos da marca em casa. Mas, a essa altura, estavam ultrapassados.
Então, em 1983, a série Seletronic (Sim. É esse o nome dela) foi lançada.
Três modelos. O mais simples chamado apenas System 300, o intermediário System 360 e o top da linha, o System 380.
Os números represavam a potência PMPO de cada aparelho. A potência PMPO, de uma forma grosseira, é o pico da potência musical. No caso da Philips equivale a 4x a potencial real (RMS) ou seja, a potência que o aparelho pode sustentar continuamente.
Exemplo… O System 380 alcançava 380 Watts PMPO. Em RMS sua potência real é 4x menor dividido por dois (duas caixas) ou seja, 50 wpc (50 Watts por Canal) aproximamente.
Não possuía a super potência anunciada (era uma jogada de marketing para que o aparelho parecesse mais potente. O mesmo “truque” é usado até hoje) mas era o suficiente para fazer a festa de qualquer adolescente.
O pai de uma amiga minha comprou um system desses. Foi a minha chance para um ver um mais de perto.
Era algo que espetacular para pessoas como nós, filhas de professores (sempre mal remunerados).
Um som encorpado, graves macios e muito volume. Ao ponto de meu estômago tremer no portão da casa dela. Além de lindíssimo.
Ainda acho um dos aparelhos mais bonitos da época. A Philips era feliz em utilizar um design modernoso e hi-end como o tom dourado do gabinete e as laterais douradas do seu rack.
Infelizmente, o acabamento se mostraria não muito resistente ao tempo. Principalmente os botões e knobs que soltavam com facilidade.
Mas vamos a uma análise mais profunda… Comecemos pelo toca discos.
O modelo utilizado no 300, o AF 293, usava como mecanismo polias. Nunca fui muito fã deles. Com facilidade a velocidade do pitch se alterava. Nesses modelos era comum a velocidade mais lenta na reprodução.
De resto o mecanismo era muito simples. Todo de plástico. Mas resistente. Não conheci nenhum que tenha dado problemas.
Já o modelo do 360 e 380, AF 294, era mais sofisticado. Contava com um motor acionado por correia inspirado em um top de linha da Philips holandesa. Muito simplificado, é verdade, porém, possuía controle de Pitch, luz de Strobo e Antiskating (também conhecido como anti deslizante).
Os modelos 300 e 360 possuem receivers (rádio e amplificador juntos em um mesmo módulo) já o 380 contava com módulos separados para o amplificador e para o rádio.
E chegamos, então, nas vedetes (mas também no ponto mais fraco desses system), os toca-fitas.
Obviamente, o do 380 era o mais sofisticado. Mas todos possuíam os mesmo componentes. Imaginem, controlado por um micro processador em 1983! As teclas eram acionadas ao menor toque graças ao seu sistema “Soft Touch”. O contador do 380 era digital. Aparelho lindo!
Porém, é difícil encontrar hoje um modelo desses em perfeito funcionamento devido ao hábito da Philips de utilizar peças de plástico (que esfarelavam) com o tempo. Quem sabe na era da impressora 3D possam voltar a ser o que eram.
Chegamos nas caixas… Essas variavam entre os modelos. Tanto em potência como em design. O charme delas era a tecnologia Bass Reflex que acentuava os graves. As caixas do 380 possuíam domos de seda da Philips Holandesa. E pouco perdiam para modelos importados. Até hoje elas fazem bonito.
O hack era outro show a parte. Havia uma porta de vidro no compartimento para os discos e uma gaveta para as fitas cassetes.
Não se fazem mais aparelhos como esses… Não ao custo que professores possam comprar. Uma pena.
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