Marfim Ameaça Extinguir Elefante Africano

O ser humano não tem jeito mesmo. Esse era um mal que pensei que tinhámos 'superado'. 23 mil elefantes mortos. 23 mil! Isso é uma barbaridade. Nessas horas lembro de um amigo meu, cantor e pianista, que me falou certa vez sobre isso. As teclas do piano dele são de marfim. É um piano antigo. Ele sempre se gabou dele dizendo que as teclas sintéticas não tem a mesma qualidade. Meu ouvido musical não é tão apurado assim, mas não duvido que seja verdade. Só um exemplo para onde vai o marfim dos pobres elefantes.

Biólogo africano lança alerta: comércio ilegal das presas cresceu em fluxo e valor.
Técnica permite traçar origem do marfim pelo DNA, para combater tráfico.

O elefante africano está em vias de extinção, devido ao aumento sem precedentes do comércio de marfim, proibido em 1989 por um tratado internacional, afirma um estudo publicado hoje na revista "Proceedings of the National Academy of Sciences".

Segundo Samuel Wasser, diretor do Centro de Biologia da Conservação da Universidade de Washington, a espécie desaparecerá da face da Terra se os países ocidentais não tomarem medidas mais enérgicas contra o comércio de marfim.

O elefante africano é o mamífero mais pesado e o segundo mais alto do reino animal. Suas presas podem ter dois metros de comprimento e pesar 60 quilos cada uma.

O perigo que ameaça o elefante africano parece ter sido exacerbado pelos preços crescentes do marfim nos mercados internacionais e pelo crescente desenvolvimento econômico chinês.

Em 1989, ano em que a proibição entrou em vigor, o preço de um quilo de marfim era de US$ 100 no mercado negro.

Em 2004, esse preço havia subido para US$ 200, e, no ano passado, a grande demanda fez com que chegasse a US$ 750.

Em seu estudo, o cientista afirma que a diminuição do número de elefantes terá conseqüências graves não apenas para a espécie, mas também para seu habitat.

"Os elefantes são uma espécie importante, e eliminá-la significa alterar o habitat. Isto tem conseqüências para muitas outras espécies", disse.

Wasser afirmou que, entre agosto de 2005 e agosto de 2006, as autoridades africanas apreenderam mais de 23.400 quilos de marfim contrabandeado.

No entanto, segundo adverte o biólogo em seu estudo, sabe-se que os agentes alfandegários conseguem detectar apenas 10% do contrabando.

Portanto, a quantidade real de marfim contrabandeado é de cerca de 234 toneladas.

Isto significa, acrescenta Wassers, que foram mortos mais de 23 mil elefantes, que equivalem a 5% da população africana da espécie.

Segundo o cientista, o recente crescimento da economia chinesa é uma das principais forças do mercado negro de marfim. Isso não apenas provocou uma alta dos preços, mas também impulsionou a participação do crime organizado.

Wassers afirma que a melhor forma de impedir a intervenção das máfias é tomar medidas relativas às fontes do marfim.

"Uma vez que o marfim entra no mercado internacional, seu comércio ilegal é muito difícil de combater", afirmou.

Wassers disse que, junto com outros cientistas da Universidade de Washington, organismos policiais e a Interpol estão colaborando para localizar com precisão a fonte do marfim vendido no mercado negro.

O biólogo afirmou que, em junho de 2002, as autoridades de Cingapura apreenderam 6,5 toneladas de marfim destinadas ao Extremo Oriente. Entre 3 mil e 6.500 elefantes foram sacrificados para que os comerciantes obtivessem essa carga.

Os cientistas examinaram 67 presas dessa carga e, em testes de DNA, determinaram que os elefantes vinham das savanas africanas e não das selvas, provavelmente de uma região do sul da Zâmbia.

Os autores do estudo afirmaram que países pobres, como a Zâmbia, pouco podem fazer para impedir um comércio que foi alimentado pela expansão econômica no Extremo Oriente.

As nações ocidentais devem retomar seus esforços para impedir o comércio ilegal de marfim, com medidas mais enérgicas e uma campanha para convencer a população asiática a não utilizar esse produto.

"Se as pessoas tivessem consciência do que ocorre, ficariam envergonhadas de ser parte desta crise. Nós não queremos desperdiçar tempo nessa perseguição aos criminosos. Queremos impedir que o crime ocorra", disse Wassers.

Fonte: G1

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