A importância social do compartilhamento de arquivos

Pois é. Esse texto diz muito do que acredito estar acontecendo na net. Faz um tempo que percebo que as 'regras' modificaram desde seu inicio lá nos 90. Hoje o compartilhamento se tornou um negócio lucrativo para muita gente. Em pouco [ou em nada] se assemelha com a tal 'democratização' da cultura. Alias, nem devem mais saber o que é isso. Salvo as exceções. O pessoal que digitaliza livros, por exemplo, é de um altruísmo invejável.

Enviado de meu iPhone

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Um arquivo ou é, basicamente, comercial ou gratuito. O compartilhamento de arquivos também pode envolver produções próprias. Mas, há muito comércio disfarçado de compartilhamento. Participei de sites que começaram disponibilizando tudo free depois passaram a cobrar por serviços especiais, como arquivos hospedados em hosts próprios, mais fáceis e rápidos de baixar. é muito chato quando o apego ao dinheiro comece assim. Um site, p. ex, www.h__otu___.com19, possui mais de 50 mil usuários cadastrados e cobra quase trinta dólares por um período para baixar arquivos especiais pirateados. E ele começou com um simples blog no blogspot. Hoje, com a venda dessa "franquia" já agrega vários serviços e possivelmente nada em money por conta desse comércio. Por outro lado, a capacidade de reunir um acervo valioso, raro é tentadora, senão única. Há alguns sites, que por motivos éticos não vou citá-los, que agregam conteúdo ímpar no mundo, por ex. na música, com coleções de artistas que as gravadoras e os ditames comerciais atuais sequer deixariam chegar perto. Cito um cantor europeu "mirim" que nunca gravou um cd de música, apenas uma fita cassete que foi digitalizada por um senhor "X" em mp3 e compartilhada na Usenet em um newsgroup espanhol e confesso que amei a voz do menino; ele era um tipo de cantor lírico que havia vencido numa época bem anterior à internet um concurso de música. Infelizmente, não sei onde está esse cd agora. Os Hillsong, meu grupo favorito, conheci graças a esse compartilhamento. Fora que os arquivos chegam bem contextualizados, principalmente quando é feito por fãs. Os cds do tipo rare and unreleased nasceram assim, no meu entender, fãs gravaram bootlegs20 de seus ídolos e compartilhavam aqueles momentos únicos dos shows e apresentações em TV. Uma música que o artista nunca cantou antes, uma versão inimaginável, que nunca vai ser gravada, essas coisas falam muito pra quem é fã. Infelizmente, a indústria vive muito em função de padrões. Antes da internet, as versões com músicas raras dos artistas eram caras e consideradas obras de colecionador. Os produtos possibilitados pelo compartilhamento de arquivos podem ser muito inteligentes e gerar uma expectativa e um nível de satisfação muito grande no usuário. As empresas, talvez por carência de criatividade, preferem repelir todo esse movimento por meio da violência e constrangimento, expondo os malfeitores como exemplo do que acontece com aqueles que desafiam a ordem estabelecida pelas instituições capitalistas. Outra característica única do compartilhamento é que o usuário é colocado dentro do processo de seleção do repertório, de edição do conteúdo, enquanto na grande mídia, ele fica de fora e as produções se baseiam em conhecimento ainda congelado e mecânico do público. É preciso que o comércio se adapte e recupere o tempo perdido e mal aproveitado em perseguições, que nunca vão acabar principalmente porque tornam o usuário de internet uma espécie de mártir das coisas que ele gosta, apesar dos seus erros em termos de normas. E ao invés de só ver o lado negativo, encare o compartilhamento como uma forma de melhor divulgação dos artistas, de conhecer melhor as expectativas dos usuários, para que as empresas repensem suas práticas de capitalização e planejem uma oferta mais atraente com serviços e produtos mais arrojados e convincentes, mais antenados com o usuário atual. Por outro lado, a lei deve ser respeitada, mas deve tentar ver e compreender também o lado bom da coisa. Conheço vários artistas, ritmos e possibilidades de interação com a arte e com o mundo que só foi possível graças a esse poder de quebras barreiras alfandegárias, comerciais e geográficas (muito mágica!) da internet. Pra quem é estudante essa facilidade de aquisição de material inaugurou um período de retrocesso, uma contra-revolução digital. Hoje, os professores desconfiam dos trabalhos digitados e exigem que o aluno assassine os avanços obtidos com a existência de editores de texto, por conta da hiper-reprodutibilidade dos textos encontrados na internet. Estamos de volta às mãos doloridas de escrever, galerinha! De certo modo, todo essa fobia do corpo docente tem fundamento. A própria leitura foi aniquilada. Nem é preciso mais ler, apenas miniblogar o conhecimento através de palavras-chaves, com que se cavam e exploram as minas do Google e de tantos outros buscadores. Contudo, há os que tiram proveito construtivo dessa facilidade e ampliam seu leque cognitivo, com leituras de materiais na própria língua e, através de tradutores online, com pesquisas nas principais línguas do mundo contemporâneo. Isso quer dizer, que não é possível apenas ficar restrito ao modo de ver, raciocinar de uma única cultura ou região, existe a possibilidade de contato com essas múltiplas formas de ver e ser. É fácil baixar os livros que costumeiramente são exigidos nos vestibulares, inclusive com resumos e com interpretações as mais variadas. Há vários sites que oferecem serviços para hospedar arquivos e foram eles um dos meios mais eficientes pra compartilhar livros e outras mídias. São serviços prestados, por exemplo, pelo 4shared.com, google.groups, rapidshare.com, e uma infinidade de outros. Esses serviços são frequentemente monitorados e muitos deles apresentam opção para deletar arquivos com conteúdo ilegal.

http://jacksonangelo.blogspot.com/2009/05/importancia-social-do-compartilhamento.html

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