Tron - O Legado - Omelete entrevista os supervisores de efeitos Steve Preeg e Eric Barba

Image634432190979506092Por conta do lançamento de Tron - O Legado esta semana no Brasil, em DVD, Blu-ray e Blu-ray 3-D, tivemos a oportunidade de conversar com dois dos profissionais que criaram o visual do filme, os supervisores de efeitos Steve Preeg e Eric Barba.

AlĂ©m da dificuldade de criar um rosto humano realista em computaĂ§Ă£o, o de Clu - desafio que Preeg e Barba jĂ¡ haviam encarado quando trabalharam em Benjamin Button -, eles falam da responsabilidade de atualizar a estĂ©tica da OdissĂ©ia EletrĂ´nica, quase trĂªs dĂ©cadas depois do filme original.

Quanto de Tron - O Legado sĂ£o efeitos visuais? VocĂªs diriam que o filme Ă© composto de mais ou menos 90% do seu trabalho com CGI?

Steve Preeg: No mundo de Tron, todas as cenas foram alteradas digitalmente, mesmo que sĂ³ pra realçar as roupas. Provavelmente metade do material filmado que tĂ­nhamos do mundo real tambĂ©m foi um pouco alterado. NĂ£o tenho certeza de quanto do filme Ă© completamente computaĂ§Ă£o grĂ¡fica, mas eu chutaria por volta de 20%. Todas as sequĂªncias com motos e jatos de luz, grande parte do jogo de discos e as grandes paisagens urbanas foram geradas completamente com CGI.

Eric Barba: Eu diria que 85% do filme tem ao menos um componente digital.

Tem algum easter egg que vocĂªs ou seu time adicionaram e que devemos procurar?

Barba: Sim, existem easter eggs. Espero que gostem deles.

Qual foi o maior desafio ao fazer Tron - O Legado?

Barba: As cenas que envolviam Clu [a versĂ£o jovem de Jeff Bridges] eram as que exigiam mais tempo. Se eu tivesse que escolher uma cena em particular, provavelmente seria aquela na qual Sam primeiro se encontra com Clu. A iluminaĂ§Ă£o do ambiente naquela cena gerou muitos desafios e gastamos muito tempo fazendo com que tudo desse certo.

Preeg: Para mim, o maior desafio foi conseguir continuar o legado do Tron original. Aquele filme praticamente deu inĂ­cio Ă  indĂºstria na qual eu trabalho e Ă© considerado solo sagrado por alguns de meus colegas. houve muita pressĂ£o para que nĂ£o estragĂ¡ssemos tudo.

Teve algum momento em que vocĂª surtou por lembrar que estava trabalhando em Tron?

Preeg: Alguns de nĂ³s trabalhamos em Tron - O Legado por 27 meses e acho que estĂ¡vamos surtados o tempo todo. Foi uma verdadeira honra ter a possibilidade de continuar Tron para uma nova geraĂ§Ă£o.

A aparĂªncia do filme original limitou sua criatividade ou ainda havia espaço para novas ideias?

Preeg: Acho que atĂ© nos ajudou a ser mais criativos. Como pegar aquela aparĂªncia original e a modernizar para uma nova geraĂ§Ă£o? Essa foi uma das partes mais desafiadoras e divertidas de trabalhar nesse filme.

Fale sobre a inspiraĂ§Ă£o na evoluĂ§Ă£o das Light Cycles.

Barba: Acho que Joe [Kosinski, diretor do filme] chegou a falar sobre como o design original criado por Syd Mead era uma moto aberta, mas, devido Ă  limitaĂ§Ă£o tecnolĂ³gica daquela Ă©poca, a ideia teve que ser adaptada a um design mais simples. Joe queria trazer o conceito original de volta e fazer da nova light cycle uma evoluĂ§Ă£o da original.

Preeg: Eu adorei a sequĂªncia das motos. Tem um pouco do Tron original mas foi atualizada e modernizada para a nova era. Foi bem extasiante trabalhar naquela sequĂªncia.

Quando Tron - O Legado foi lançado, algumas pessoas falaram sobre a recriaĂ§Ă£o de Clu. Ele Ă© completamente digital?

Preeg: A cabeça do Clu Ă© sempre 100% digital. JĂ¡ o corpo ora foi completamente digital, ora foi captura de movimento.

Foi muito difĂ­cil de criar?

Preeg: Trazer um ser humano Ă s telas atravĂ©s de computaĂ§Ă£o grĂ¡fica foi considerado impossĂ­vel por muito tempo pelo fato de outros humanos estarem acostumados a olhar muito para os rostos uns dos outros. Tentamos evitar o Vale da Estranheza [hipĂ³tese segundo a qual rostos humanos criados digitalmente causam mais estranhamento Ă  medida em que ficam mais realistas] o tempo todo, independente do que estivermos fazendo.

Barba: O mais difĂ­cil, fora o Clu, foi a aparĂªncia da sequĂªncia do jogo de discos. Foi um desafio imenso e fiquei feliz com a maneira como a equipe lidou com tudo. TambĂ©m foi bem difĂ­cil estabelecer o visual do grid. Quando olhĂ¡vamos para as artes, parecia fĂ¡cil, mas uma vez que adicionaram os atores e a cĂ¢mera em movimento, foi bem difĂ­cil fazer com que tudo funcionasse visualmente e ainda deixasse as pessoas interessadas.

As primeiras cenas do filme estavam em 2-D. Isso foi uma decisĂ£o artĂ­stica ou tĂ©cnica?

Preeg: Foi uma decisĂ£o do diretor. Ele queria que o mundo do Tron ficasse diferente, como o MĂ¡gico de Oz, que Ă© preto e branco no mundo real e colorido em Oz. Ele queria um efeito parecido.

A filmagem em 3-D fez do seu trabalho mais difĂ­cil do que seria em 2-D?

Barba: Filmar em 3-D faz tudo mais difĂ­cil. O processo era novo para mim e para a minha equipe, as regras ainda nĂ£o estavam postas e as ferramentas ainda nĂ£o tinham sido criadas. Tivemos que inventar coisas conforme trabalhĂ¡vamos.

VocĂª acha que atores digitais podem acabar substituindo atores humanos? E a recriaĂ§Ă£o de personalidades falecidas para filmes?

Preeg: Essa Ă© uma decisĂ£o bem difĂ­cil. Em geral, dependemos da performance do ator para nos prover um personagem. NĂ£o somos aqueles que querem substituir atores humanos; na verdade, sĂ£o eles que dĂ£o vida aos nossos personagens digitais. Sobre trazer de volta alguĂ©m que jĂ¡ morreu, nĂ£o dĂ¡ pra realmente capturar o que aquela pessoa faria na interpretaĂ§Ă£o de um certo papel, o que dĂ¡ pra fazer Ă© tentar imaginar o que eles poderiam ter feito. Pode atĂ© ser crĂ­vel para o pĂºblico, mas nunca vai ser realmente a interpretaĂ§Ă£o daquela pessoa. É apenas uma cĂ³pia.

O que vocĂª faria de diferente no filme?

Barba: Como artista, vocĂª nunca realmente termina um trabalho. Sempre sobra algo que vocĂª queria ter mexido mais, aperfeiçoado. Mas a realidade de se fazer um filme Ă© que, em algum ponto, ou vocĂª tem que entregar o filme incompleto ou ele Ă© arrancado de suas mĂ£os. EntĂ£o, sim, hĂ¡ muitas coisas que eu gostaria de mudar.

Preeg: Depois de todo filme, nĂ³s examinamos aquilo que fizemos de certo, o que fizemos de errado, e fazemos uma lista daquilo que podĂ­amos ter feito melhor. Sempre hĂ¡ o que aperfeiçoar em tĂ©cnica e execuĂ§Ă£o. HĂ¡ um nĂºmero de avanços na abordagem ao rosto humano que pode mudar o processo que usamos. Se soubĂ©ssemos das coisas que sabemos agora naquela Ă©poca, nĂ³s provavelmente terĂ­amos implementado essas melhorias no Clu. Acho que ainda vamos aprender coisas novas por muito tempo a respeito da criaĂ§Ă£o de rostos humanos digitalmente.

VocĂªs chegaram a pensar em refazer alguma coisa para o lançamento do Blu-ray? Deve ser bem tentador voltar para refazer detalhes do Clu com o que aprenderam desde entĂ£o.

Preeg: Acho que nessa indĂºstria sempre gostamos de ter a oportunidade de refazer certas coisas. Nunca realmente terminamos uma cena, ela simplesmente tem que sair de nossas mĂ£os em um certo ponto. A opĂ§Ă£o de refazer efeitos para o Blu-ray nĂ£o Ă© nossa decisĂ£o, mas seria bem divertido.

Omelete

Postar um comentĂ¡rio

0 ComentĂ¡rios