Escritores que debateram a literatura em tempos de internet e globalizaĆ§Ć£o no segundo dia da 14a Jornada de Passo Fundo pareciam mais inquietos, preocupados e atĆ© pessimistas que o conferencista da vĆ©spera, Pierre LĆ©vy.
"A internet nos 'aspira' como um aspirador", disse GonƧalo M. Tavares, autor de, entre outros, "Uma Viagem Ć Ćndia". Tatiana Salem Levy, de "A Chave de Casa", argumentou que "vivemos mais hoje que no passado, mas cada vez menos vivemos a experiĆŖncia com o tempo".
Para Nilson Luiz May, de "Misterioso Caso na RepartiĆ§Ć£o PĆŗblica", "o mundo nĆ£o estĆ” preparado para dizer que estĆ” na internet". Outro ficcionista, Arthur Martins Cecim, de "Habeas Asas", afirmou que "a tecnologia pode ser uma nova escravidĆ£o".
A identidade no mundo globalizado foi outra questĆ£o debatida. Tavares recorreu a Thomas Mann para criar a metĆ”fora de que a globalizaĆ§Ć£o "Ć© um acidente que gerou cabeƧas trocadas".
"Pode-se ter a cabeƧa brasileira com tronco americano, ou cabeƧa portuguesa com tronco alemĆ£o". A identidade, assim, diz mais respeito "Ć vontade, ao desejo de pertencer", acrescentou o escritor, portuguĆŖs nascido em Angola que hoje mora em Lisboa.
Tatiana Salem Levy, brasileira que nasceu em Lisboa e vive no Rio de Janeiro, relativizou a ideia de que hoje nĆ£o existem fronteiras. Cecim, paraense, ressaltou o temor de que o homem "se desenraĆze" ao se tornar cibernĆ©tico.
Os crĆticos Luiz Costa Lima e Maria Esther Maciel, que faziam parte da mesma mesa, lembraram das narrativas globalizadas que pertencem Ć tradiĆ§Ć£o literĆ”ria desde os tempos de Homero e de "As Mil e Uma Noites", por exemplo.
O debate da tarde desta quinta-feira, 25, sobre "diĆ”logo, mĆdias e convergĆŖncias", leva ao palco Edney Silvestre, Eliane Brum, JoĆ£o Alegria e Nick Montfort.
Ć noite, a conferĆŖncia sobre "a comunicaĆ§Ć£o, do impresso ao digital" reĆŗne Roberto Dias, da Folha, Rinaldo Gama, de "O Estado de S. Paulo", Pedro DĆ³ria, de "O Globo" e Pedro Lopes, do "Zero Hora".
Folha
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