Temporada curta é vilã dos musicais no Brasil
A começar pela chegada, no dia 28 de março, no teatro Renault, do musical "O Rei Leão". A versão brasileira para a produção da Disney tem custo estimado em R$ 50 milhões, segundo a T4F, responsável pela montagem.
O sucesso das temporadas de "Mamma Mia!" e de "A Família Addams" determinou a aposta. "Existe demanda sólida pelo teatro musical. O público criou o hábito de frequentá-lo", diz Stephanie Mayorkis, diretora de um departamento chamado "family entertainment".
O crescimento do setor, conclui ela, "dependerá da disponibilidade de novos teatros e da criação de uma base de público ainda maior no médio e longo prazo".
Do valor total da produção, R$ 11 milhões foram captados via Lei Rouanet. O restante, diz Mayorkis, será custeado por receita gerada pelo próprio musical a partir de bilheteria e merchandising. Nos nove meses de temporada, estima-se que a venda de ingresso totalize R$ 31 milhões. Os ingressos custam entre R$ 50 e R$ 280 e estão à venda no site ticketsfortun.com.br.
Para equilibrar as contas, a temporada pode ser prorrogada até 2014.
As cifras não são só um recorde entre musicais nacionais. O valor de produção da peça sobre o leão Simba, com letras assinadas por Gilberto Gil e música de Elton John, supera inclusive filmes como "Tropa de Elite 2", orçado em cerca de R$ 15 milhões.
O investimento acompanha a expansão do cenário. Com a estreia de "O Mágico de Oz", no teatro Alfa, na sexta (ingressorapido.com.br), e de "Quase Normal", amanhã, no teatro Faap (faap.br/teatro ), o circuito paulistano chega mais perto do sonho de ser Broadway.
"O cenário de musicais está bem favorável, mas a concorrência atual é enorme", lembra o diretor Cláudio Botelho, de "O Mágico de Oz".
Nos R$ 50 milhões de "O Rei Leão" estão embutidos negociações sobre direitos autorais (o que inclui viagens para o exterior), o período de produção da peça e a temporada de nove meses.
Também entram na conta valores destinados à divulgação do espetáculo, dos quais R$ 2,24 milhões são subsidiados via Lei Rouanet, segundo consta no projeto enviado ao Ministério da Cultura.
Se houve inchaço nos orçamentos, a captação de recursos incentivados não subiu na proporção. Contra os R$ 11 milhões captados pela peça "O Rei Leão", "Mamma Mia!", em 2010, captou 12,6 milhões. Em 2011, "A Família Addams" custou R$ 25 milhões, com R$ 11,3 milhões de recursos via Lei Rouanet.
A aposta em "O Rei Leão" é grande e pode ser explicada pelo enorme sucesso que o espetáculo teve no mundo.
Em abril do ano passado, o musical da Disney bateu recorde histórico de bilheteria em Nova York, com receita de US$ 853,8 milhões.
Desde sua estreia em 1997, o musical foi visto por 66 milhões de pessoas em 15 países.
A produtora norte-americana não divulga o orçamento da produção de "O Rei Leão" nos EUA. Os aportes por lá, no entanto, também estão ganhando volume.
A produção de "Spider-man" (Homem-Aranha), por exemplo, já ultrapassou as cifras dos US 100 milhões.
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