Cientistas estudam o ´coração de leão` do rei Ricardo


Jazigo de Ricardo Coração de Leão em Fontevraud, oeste da França

Paris - Murta, crisântemo, menta, mercúrio, olíbano... A análise feita por uma equipe francesa do coração embalsamado do rei inglês Ricardo Coração de Leão, mais de 800 anos após sua morte, revela um procedimento de conservação muito elaborado, inspirado em textos bíblicos.

É o mais antigo coração embalsamando já estudado na França. Os resultados foram publicados nesta quinta-feira no site da revista Scientific Reports, do grupo britânico Nature.

"Foi um embalsamamento extremamente complexo, muito elaborado", explicou Philippe Charlier, chefe da equipe de médicos legistas, antropólogos, e cientistas que realizou as pesquisas.

Especialista em antropologia médico-legal, Charlier esteve à frente da autentificação da cabeça mumificada do rei Henrique IV da França.

Sua equipe passou um pente fino numa amostra de 2 gramas, das quase 80 dos restos do coração de Ricardo I, rei cruzado conhecido pela alcunha de "Ricardo Coração de Leão", hoje reduzido a pó.

Os restos do coração de Ricardo I estavam em uma caixa de chumbo descoberta em 1838 na catedral de Rouen. A caixa trazia a inscrição "Repousa aqui o coração de Ricardo, rei dos ingleses".

Os exames e análises revelaram "muitos resíduos diferentes", às vezes surpreendentes: um metal - mercúrio -, creosoto - tipo de resíduo orgânico -, vegetais, folhas aromáticas e especiarias (murta, menta, mas também olíbano e crisântemo) e provavelmente cal.

"Nós acreditamos que o coração tenha sido aberto, para que o sangue fosse retirado, costurado e colocado em uma toalha de linho", explicou Charlier.

Uma proeza técnica para a época, final do século XII. Os primeiros embalsamadores, no referido século, eram cozinheiros e açougueiros "que tinham o hábito de abrir carcaças e tinham aromatizantes a mão".

Segundo o cientista francês, a presença de olíbano revela "uma referência a Cristo". "O olíbano é um produto reservado à elite, mas sobretudo diretamente de inspiração divina", ressaltou, lembrando que este foi um dos tesouros (incenso) oferecidos pelos Três Reis Magos no nascimento de Jesus.




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