México pede Veto de Bush a Lei para Construir Muro na Fronteira

México, 2 out (EFE).- O Governo mexicano pediu nesta segunda-feira (2) ao presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, que vete a lei aprovada pelo Congresso para construir um muro na fronteira, e considerou "tolo" o investimento de US$ 6 bilhões necessário para essa obra.

Rubén Aguilar, porta-voz do presidente Vicente Fox, disse à imprensa que a Chancelaria enviou hoje uma nota diplomática a Washington pedindo que Bush "vete essa lei, porque ela não resolve os problemas de segurança nem a questão migratória".

"O Governo do México expressa sua enérgica rejeição à construção de muros" e considera que esse fato "fere a relação bilateral em seu conjunto e é contra o espírito de cooperação que deve prevalecer para garantir a segurança na fronteira comum", disse Aguilar em entrevista coletiva.
A nota diplomática aos EUA argumenta de "maneira respeitosa" mas "clara" com as razões pelas quais o México acredita que o muro "não é a solução para o fenômeno migratório entre as duas nações".

O Governo mexicano defende "um enfoque integral guiado pelo princípio de responsabilidade compartilhada" e pede que seus pontos de vista sobre o tema "sejam levados em conta pelo Executivo americano".

O porta-voz acrescentou que a construção do muro criaria "um clima de tensão nas comunidades fronteiriças" e geraria "divergências em vez de convergências entre os dois países", que compartilham uma fronteira de mais de 3.100 quilômetros.
Segundo Aguilar, "as medidas parciais e exclusivamente concentradas na segurança negam a realidade e representam, no contexto atual, mais uma resposta política do que uma solução viável para o problema".

No entanto, o porta-voz da Presidência manifestou que "o Governo do México respeita o direito de qualquer Estado de adotar em seu território as medidas que julgar convenientes para sua segurança".

Aguilar acrescentou que a Administração Fox, cujo mandato terminará em 30 de novembro, "reitera seu compromisso inevitável com a proteção e o respeito aos mexicanos no exterior, e não poupará esforços no cumprimento desse objetivo".

O funcionário disse que Fox não deve, por enquanto, telefonar para Bush, nem impulsionar uma ação conjunta com outros governantes de países latino-americanos também afetados pelo fenômeno da emigração em massa.

O chanceler mexicano, Luis Ernesto Derbez, afirmou que os políticos americanos terão que justificar no futuro porque gastaram os US$ 6 bilhões necessários para a construção do muro "de maneira tão tola".

Derbez ratificou, em entrevista ao noticiário radiofônico "Enfoque", que o Governo de Fox decidirá os detalhes da nota diplomática que enviará aos EUA para expressar que considera um "agravo" a construção do muro.

O chanceler disse que a construção do muro de mais de 1.000 quilômetros de comprimento na fronteira, aprovada na semana passada pelo Congresso dos EUA, "provavelmente não terminará nunca", e se mostrou convencido de que o muro será derrubado.

"Se quiserem construir um muro depois disso, tudo bem. Se querem desperdiçar o dinheiro, que o desperdicem", disse o chanceler mexicano.

"Eu acho muito mais prudente e inteligente que esse dinheiro seja utilizado para ajudar no desenvolvimento do México e de outros países, e melhorar a competitividade da América do Norte, e não para construir muros que sabemos que serão derrubados em alguns anos", acrescentou.

Derbez lamentou, em nome do Governo, que a reforma migratória integral que seu país pede aos EUA ainda não tenha sido alcançada. Anualmente, 400.000 imigrantes ilegais procedentes do México e do resto da América Latina cruzam as fronteiras americanas.

"Eu, pessoalmente, me sinto frustrado e incomodado. Todas as conversas que tive com deputados e senadores americanos deixaram claro que eles sabem e entendem o que devem fazer e, no entanto, a questão política e eleitoral está sendo preponderante no processo", disse Derbez.

Fonte: G1

Postar um comentário

0 Comentários