Faleceu Eugênio Colonnese

Eugênio Colonnese, quadrinhista italiano radicado há mais de quatro décadas no Brasil, faleceu na madrugada do último dia 8 de agosto, em decorrência de falência múltipla de órgãos. Fumante inveterado, o autor havia sido hospitalizado há dois meses, vítima de um AVC - Acidente Vascular Cerebral.
Reconhecido como um dos grandes mestres dos quadrinhos nacionais, o nome de Colonnese é importante não apenas como influenciador e formador de vários outros destaques da nona arte no Brasil, mas também por sua fundamental participação no desenvolvimento e consolidação de um gênero que durante muito tempo foi considerado o de maior expressão e popularidade das HQs brasileiras: o terror.
Foi na Argentina, em 1949, que ele estreou nos quadrinhos. Depois de alguns anos trabalhando em revistas de sucesso naquele país, se estabeleceu no Brasil em 1964 e, passados três anos, criou o estúdio D-Arte, em parceria com o argentino Rodolfo Zalla. Juntos, produziram diversas HQs para as muitas editoras que existiam no mercado, entre elas a histórica Ebal.
Em 1967, criou Mirza, a Mulher-Vampiro, e o Morto do Pântano, ambos personagens ícones dos tempos áureos dos quadrinhos de terror no Brasil. Sobre eles paira a polêmica a respeito das semelhanças visual e conceitual com Vampirella e o Monstro do Pântano, respectivamente criados para as editoras norte-americanas Warren e DC Comics. Em favor de Colonnese, entretanto, pesa o fato de que suas criações antecederam as outras em alguns anos.
Nos anos 1970, sua carreira se diversificou e ele iniciou uma série de trabalhos para a Editora Ática, ilustrando livros escolares e desenhando quadrinhos didáticos. Em 1979, assumiu a direção artística de uma divisão da empresa, de onde saiu no final da década de 1990.
Durante esse tempo, continuou criando HQs para a D-Arte (já uma editora), nas revistas Calafrio, Mestre do Terror, Beto Carrero e outras, além de desenhar as agora clássicas histórias em quadrinhos institucionais do Instituto Universal Brasileiro, nos anos 1980.
Exímio artista, dono de um traço detalhista que primava pela perfeição anatômica - com habilidade ímpar para desenhar belas mulheres -, Colonnese também escreveu os roteiros de quase todas as HQs que ilustrou, fossem histórias de horror, faroeste ou mesmo de super-heróis, estilo de aventura para a qual criou, entre outros, os personagens Mylar, Escorpião e X-Man (nenhuma referência ao nome que a Marvel começou a usar muito tempo depois).
Ao contrário da imensa maioria dos artistas clássicos, ele continuava na ativa com produções esporádicas. Ainda nesta década, escreveu e desenhou obras teóricas como o Curso Completo de Desenho (Editora Escala) e a A Arte Exuberante de Desenhar Mulheres (Opera Graphica); lançou álbuns especiais, destacando-se War - Histórias de Guerra (Opera Graphica), com roteiro de Gian Danton; criou novos personagens, como Lady Shadow; ilustrou duas aventuras de Mister No para a editora italiana Sergio Bonelli Editore; realizou exposições de seus trabalhos e ministrava aulas na Escola Studio de Artes, em Santo André/SP.
Há poucos meses, Colonnese finalizou a graphic novel A Vida de Chico Xavier, sobre o médium e maior expoente da Doutrina Espírita no Brasil - a HQ será lançada em outubro, por uma editora ainda não revelada. Nesse período, o artista também produziu duas histórias em quadrinhos com Mirza e o Morto do Pântano.
Eugênio Colonnese tinha 78 anos. Além dos fãs que conquistou em uma prolífica e brilhante carreira, estão pesarosos de sua partida os dois netos e as cinco filhas.
Seu corpo foi sepultado na manhã do último sábado, em Santo André/SP, cidade onde morava desde que veio para o Brasil.



Nota do Optimus e da Fê: Realmente uma grande perda não somente para os quadrinhos, mas para a cultura em geral. Aliás, ontem mesmo estávamos lendo na revista Mundo dos Super-Heróis uma matéria sobre a "musa" dos quadrinhos nacionais, Velta. Na mesma hora que li me lembrei da única que poderia ocupar este posto, Mirza! Esperamos que agora lembrem-se de Colonnese com todo o respeito que um grande artista merece.

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