O poder é dos nerds! Eles estão repaginados e super em alta!

Vixê! Acho que sou uma ‘jurassic-nerd’ então… Laughing

Parabéns ao amigo Henrique Abel pela entrevista! Winking

Image634421448487978366Novo Hamburgo - Ele não gosta muito de sair. Ele fica o dia todo no computador. Ele coleciona revistas em quadrinhos. Ele não tem namorada. Ele é um nerd, e você provavelmente o conhece.

O termo nerd apareceu pela primeira vez lá nos anos de 1960, para definir uma pessoa estudiosa e sem muita aptidão social. Há quem diga que sua origem está na palavra "knurd"(no inglês, ela tem a mesma pronúncia de nerd), que é drunk (bêbado), escrita de trás para frente. Essa expressão era usada para se referir a pessoas que preferiam estudar (o que estranhamente nunca foi visto como algo legal) ao invés de fazer farra (o que é legal).

Até os anos 90, a coisa toda não mudou muito: os nerds se tornaram uma tribo de excluídos, principalmente por cultivarem hobbies estranhos e incomuns. Onde já se viu, afinal, vinte anos atrás, ter computador em casa? Ficar horas na internet? Jogar videogame? Era muito mais comum andar de bicicleta, jogar bola e ouvir New Kids on the Block.

Com a evolução e popularização da tecnologia, sobretudo da informática, o lugar do nerd na sociedade sofreu sérias alterações. O que eraa estranho nos anos 90 tornou-se parte de nossas vidas. A tecnologia está mais presente e, por consequência disso, os nerds também... Afinal, quem nunca jogou videogame? Quem não lida diariamente com computadores? Quem nunca leu uma história em quadrinhos? Quem não passa horas na internet?

Quem nasceu nos anos 90 tem a maioria dessas atividades como uma parte natural da vida. Chamada pela sociologia de "Geração Z", os nascidos nessa década, após a idealização da internet, são considerados "nativos digitais", e desenvolvem normalmente atividades que antes eram consideradas incomuns. E, nessa época de rápida evolução tecnológica, a frase do jornalista norte-americano Charles J. Sykes parece fazer mais sentido do que nunca: "seja legal com os nerds. As chances é que você trabalhe para um deles algum dia". Conversamos com quatro exemplares de nerds assumidos – para saber como era e como é ser nerd.

O Gamer
O estudante Matheus Westhelle, de 19 anos, concedeu esta entrevista sentado na frente de um computador, usando uma camiseta com a Tela Azul da Morte. Ele jogava Capsized, um dos últimos lançamentos no Steam, uma plataforma online de venda de jogos. "Acho que sou assim desde que nasci", afirma. "É muito difícil de responder quando comecei a me achar nerd. É o mesmo que me perguntarem quando foi que eu percebi que era gente", brinca. Tudo começou aos quatro anos, vendo a irmã jogar Prince Of Persia no computador. Eventualmente, a jornada o levaria aos videogames. Chegou a ter o Playstation um e o dois, mas sempre preferiu mouse e o teclado dos PCs. "Não chego a me sentir diferente. Estudo na Liberato (Fundação Liberato, de Novo Hamburgo), e lá isso é mais comum. Mas, quando eu era criança, me chamavam de nerd de forma pejorativa mesmo". Matheus pensa que ser nerd hoje é tendência. "É moda. Assim como usar calça boca de sino nos anos 70", brinca.

O Profissional
Jonathan Amaral, 29 anos, é gerente executivo de uma rede de lojas especializada em games e acessórios. Além de trabalhar no ramo, Jonathan confessa ser um verdadeiro nerd. "Jogo videogame desde sempre, mas hoje não me sobra mais tempo algum", lamenta. No mercado há dez anos, ele sempre teve uma relação próxima com o assunto. "No passado, nerds eram discriminados, mas hoje eles estão no centro do desenvolvimento", afirma. "Todo mundo tem um pouco de nerd, e isso já deixou de ser algo estranho foi aceito como um jeito de ser. A maneira de viver mudou. Antes era estranho até ter um computador em casa, hoje andamos pela rua com smartphones, tablets e notebooks", complementa.

O Colecionador
"Tenho mais videogames que uma criança japonesa", confessa o advogado Henrique Abel, 29 anos. O barato de Henrique hoje é colecionar videogames antigos. Na escola, ele e um grupo de amigos costumavam deixar de lado a interação com os colegas nos 25 minutos de intervalo para jogar RPG na biblioteca. E eram, obviamente, motivo de piada dos colegas. "Naquela época não se usava o termo ‘nerd’. Eles nos incomodavam por aquilo que fazíamos mesmo, como jogar videogame, RPG, ou mexer em computador", explica. Henrique considera que atualmente, no entanto, muitas dessas coisas viraram parte de nosso cotidiano. "Todo mundo tem algo de nerd, ou a patricinha da balada não passa horas e horas no MSN? Tem coisa mais nerd que rede social?", questiona.

A Japonesa
A colcha da cama de Tainá Hessler, 18 anos, é estampada com ideogramas japoneses. Pelo quarto, diversos outros acessórios remetem à terra do Godzilla. "Jogo videogame e twitto muitas e muitas horas por dia", afirma. A grande mania de Tainá, no entanto, são os mangás. "Comecei pesquisando na rede sobre Hiroshima e Nagasaki, e acabei me interessando pela cultura do Japão", explica. Daí foi um passo até ela descobrir os quadrinhos nipônicos. Em sua escrivaninha, Tainá empilha livros sobre o assunto, mas não coleciona revistas. "Leio online", justifica. Mesmo assim, ela considera que a cultura nerd está bastante ligada ao consumo. "Nerds não têm medo de gastar naquilo que precisam". Quando não tinha o próprio dinheiro, Tainá apelava aos pais, tios e avô. "Eu não quero um skate, quero um Playstation! "Ela considera o momento atual bastante positivo para um nerd. "Estamos muito bem vistos hoje em dia. É como no Big Bang Theory. Esse seriado fez muito bem para a imagem dos nerds. Agora está na moda. Nerd é o novo sexy", declara.

A dolorosa pergunta
Esta sempre foi uma das principais perguntas feitas com a intenção de irritar um nerd: "vocês conseguem namoradas com isso?". O escritor, humorista e nerd Seanbaby – autodenominado o "inventor de ser engraçado na internet" –, criou uma bela resposta. Ele diz: "eu já escrevi milhares de resenhas e textos sobre videogame. Já joguei centenas de jogos. Mas, para falar a verdade, eu nunca gostei disso. Sempre estive nesse ramo mais por causa da mulherada". Genial.

Mudança de estilo
Alguém se lembra do clássico filme A vingança dos Nerds, de 1984? Vocês se lembram do Lewis Skolnick, aquele nerd com o cabelo penteado para o lado, dentuço e cheio de canetas no bolso? A retratação dos nerds pela cultura popular nos anos 80 não era muito animadora. Agora vejam o seriado The Big Bang Theory. Nele, os nerds são pessoas bacanas, com um certo senso de estilo, grandes frases de efeito e – pasmem! – têm namoradas. O seriado criou uma frase que seria repetida exaustivamente pelos mais diversos tipos de nerd Smart is the new sexy (inteligente é o novo sexy)".

Fotos: Marcelo Collar/GES-Especial

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