Especial Halloween: Games de Terror! [Atari]

Presentão do Cemetery Games. Dica A Cripta do Caveira. Valeu! :) 
Beleza de matéria! Eta saudade do velho Atari!



E olha o Halloween chegando de novo! Continuando a tradição RETROWEEN iniciada no ano passado por uma série de retroblogs, o Cemetery Games, ao longo de toda esta semana, irá destrinchar única e exclusivamente GAMES DE TERROR! E o nosso Retroween de 2010 começa agora com uma etapa horrorífica da nossa Maratona Atari. Dessa vez, falaremos sobre os quatros games de terror mais emblemáticos do clássico console. Preparem seus corações para esta forte dose de terror, pois está na hora de caminharmos rumo à escuridão.
O primeiro game dessa etapa “monster freak” da Maratona Atari é HAUNTED HOUSE, um clássico absoluto do Atari. Lançado em 1981 pelas mãos da própria Atari (a empresa, não o videogame), Haunted House foi um dos primeiros jogos de videogame com temática de horror de todos os tempos, e hoje é geralmente aceito como o provável primeiro exemplar do gênero Survival Horror, hoje muito popular graças a séries como Resident Evil, Alone in the Dark e Silent Hill.



Em Haunted House, o jogador assume o papel de um aventureiro que adentra na sinistra mansão assombrada do falecido Zachary Graves, a fim de encontrar um tesouro escondido. Apesar de audacioso para a época em que foi feito, tecnicamente o jogo é precário ao extremo, com gráficos que são muito pobres até para os padrões do Atari 2600. Visualmente, tudo se resume a paredes coloridas e um par de olhos andando no meio da escuridão. Apertando o botão do joystick, o jogador pode acender um fósforo para enxergar ao seu redor (estranhamente, fazendo isso, o corpo do herói não aparece, o que é no mínimo curioso). Basicamente, os problemas a serem evitados são morcegos, aranhas e o próprio fantasma do Sr. Graves.



Joguei Haunted House na pré-adolescência no meu Atari, e o jogo frustrou minhas expectativas, pois era confuso e visualmente aborrecido. Não me entenda mal, é um jogo clássico e pioneiro, mas eu só fui conhecê-lo dez anos depois de lançado, e sem ter um manual (ou poder contar com a ajuda da internet) a experiência era simplesmente tediosa demais. Enfim, o game vale mais pela originalidade e pelos jogos que veio a inspirar do que por outros méritos, e está muito longe daquela qualidade dos jogos que realmente aproveitaram o máximo ao potencial do Atari, como River Raid, Pitfall e Enduro, por exemplo. Uma curiosidade: a Atari acabou de lançar um remake de Haunted House, com gráficos modernos, para Windows, Wii e Xbox 360. Ainda não sei se essa nova versão ficou legal ou não, mas pelo menos serve como homenagem a este pioneiro dos games de horror.



O segundo game da nossa “hora Atari do horror” não poderia ser mais apropriado para comemorar o halloween, já que estamos falando do jogo HALLOWEEN, game lançado em 1983 pela Wizard Video e baseado no clássico filme de mesmo nome. O jogo já foi resenhado aqui no Cemetery Games em março de 2009, mas vale à pena voltar a ele. Embora não seja nenhuma maravilha absoluta, Halloween é, no geral, o melhor game com temática de horror lançado para o Atari. Os gráficos são bastante bons para os padrões do console, a trilha sonora é muito acima da média dos jogos da plataforma (e reproduz com razoável fidelidade a memorável música tema do filme), a violência gráfica impressiona para a época e este talvez seja o único game de terror do Atari que realmente consegue colocar o jogador num leve clima de suspense e tensão.



Em Halloween, o jogador assume o comando de uma desesperada mulher (presumivelmente, a personagem Laurie Strode do filme), que deve procurar as crianças que estão perdidas dentro de uma enorme casa e levá-las em segurança para fora. A razão de tanto desespero é que o psicopata assassino Michael Myers está rondando o lugar, carregando uma bela faca na mão.



Em algum aposento randômico da casa aparece uma espada, e você pode usa-lá para “matar” o psicopata. Claro que essa morte é tão “eficiente” quanto nos filmes de terror, ou seja, em poucos segundos o desgraçado volta, ainda mais rápido do que antes.
O grande barato do jogo é o fato de que ele capturou muito bem aquele “elemento surpresa” dos slasher movies dos anos 80, nos quais o assassino aparecia do nada a qualquer momento. É exatamente o que ocorre nesse jogo. Você está levando uma criança em direção a um dos “quartos seguros” da casa e, de um instante para outro, Michael Myers aparece na sua frente (ou atrás de você), com a arrepiante musiquinha do jogo quebrando o silêncio. Provavelmente nunca houve no Atari outro game tão eficiente em dar cagaços no jogador quanto este!
Além da trilha sonora bem feitinha e do apelo visual das vidas do jogador serem representadas por abóboras de halloween, certamente o que mais chama a atenção é a violência explícita do game. Este é provavelmente o jogo mais sanguinolento feito para o Atari. Quando Myers alcança uma criança, só o que sobra é um pequeno cadáver sobre uma poça de sangue. Quando Myers pega a heroína, ele a decapita, e a vítima SAI CORRENDO SEM CABEÇA, com o sangue jorrando pelo pescoço !! Que trash, hein? E você que achava que o Atari era um “videogame família”!



Uma curiosidade: no Brasil, Halloween não era chamado de Halloween! Por aqui, o nome deste game aparecia nos cartuchos sempre como sendo “Sexta-Feira 13 (assim mesmo, escrito em português), apesar das carinhas de abóboras e da música-tema do filme tocando na abertura. Será que os fabricantes locais eram assim tão ignorantes mesmo? Ou será que intencionalmente mudaram o nome do game, já que os filmes da série Sexta-Feira 13 sempre foram bem mais conhecidos e populares no Brasil do que os filmes da série Halloween ? Fica o Mistério!
Outra curiosidade: pouco depois de lançar Halloween, a produtora Wizard Video foi à falência, em virtude do grande crash do mercado de videogames de 1983/1984. Com cartuchos em estoque e precisando cortar gastos, muitos cartuchos originais do jogo foram lançados no mercado contendo apenas uma etiqueta branca frontal com o nome “HALLOWEEN” escrito em laranja, à mão, com letras maiúsculas. Portanto, se algum dia cair nas suas mãos uma cópia deste jogo num cartucho sem “label“, apenas com uma etiqueta com o nome do jogo escrito manualmente em laranja, não pense que se trata de uma “cópia pirata”: é bem possível que você tenha em mãos uma cópia do jogo da exata maneira como ele foi colocado à venda nas lojas pela Wizard Video!



Também de 1983 é o game FRANKENSTEIN’S MONSTER, da Data Age, outro ótimo game de horror do Atari 2600. Aqui, o jogador encarna o Dr. Frankenstein, dentro de um castelo de três andares. O terrível monstro criado pelo cientista está exposto a raios e prestes a ganhar vida, e para impedir que o monstro sai destruindo tudo e todos, nosso intrépido doutor precisa “emparedar” o monstro com cubos encontrados no andar mais baixo do castelo. Nessa corrida contra o tempo, o Dr. Frankenstein precisa passar por aranhas gigantes, fantasmas e morcegos, além de atravessar um lago subterrâneo sem cair nele. Se o arrependido cientista não for rápido o suficiente, o monstro sairá andando descontroladamente em direção à tela (num efeito de primeira pessoa extremamente tosco, mas muito interessante para a época), e tudo estará perdido.



Conheci Frankenstein’s Monster por volta de 1991 (no cartucho que eu tinha, o nome do jogo aparecia apenas como “Frankenstein“), e desde logo adorei o jogo. É basicamente um game de ação/aventura com temática de terror, extremamente bem feito para os padrões do Atari. Os gráficos são eficientes, a ambientação é legal e aquela coisa do monstro vir na direção do jogador após o “game over” era algo sem igual no Atari. A mecânica do jogo é bem repetitiva e a parte dos morcegos (na qual o Dr. Frankenstein precisa passar em meio a centenas de morcegos para chegar até o monstro com a peça que buscou) é um verdadeiro pé-no-saco. Mas, tirando esses aspectos negativos pontuais, o game é muito bom, indispensável para qualquer fã do velho Atari.



Assim como Halloween, o game que fecha essa etapa horrorífica da Maratona Atari também foi lançado em 1983, e também por obra e graça da Wizard Video. Estamos falando de THE TEXAS CHAINSAW MASSACRE, baseado no filme de mesmo nome, conhecido por aqui como O Massacre da Serra Elétrica, um clássico dos filmes de terror.



Embora graficamente menos violento do que Halloween, na prática esse The Texas Chainsaw Massacre acabou sendo considerado muito mais violento, e suscitou muitos protestos e indignação na época em que foi lançado. A razão disso é muito simples de entender: ao contrário de Halloween, nesse game o jogador não assume o papel do mocinho ou mocinha que precisa fugir do psicopata assassino, mas sim o papel do próprio psicopata, que precisa matar tantas vítimas inocentes quanto for possível. Sim, é sério! O jogador assume o papel do homicida açougueiro Leatherface, e o objetivo é correr atrás de garotas adolescentes e retalhá-las com sua serra elétrica!
Uma premissa desse tipo geraria muita polêmica até nos dias atuais, imagine então em 1983! Muitas lojas simplesmente se recusaram a colocar esse jogo à venda, ou deixavam ele num local menos visível, longe dos olhos das crianças. Talvez tudo isso tenha contribuído para que o jogo se tornasse muito raro, sendo hoje extremamente difícil para um colecionar conseguir uma cópia do cartucho (com caixinha e manual, é ainda mais difícil). Talvez não seja coincidência, portanto, o fato de que este é o único dos quatro games aqui analisados com o qual jamais tive contato na infância ou adolescência (nem jamais tive em mãos uma cópia do jogo em cartucho), bem como o único desses games que só vim a conhecer depois de adulto, em plena era da emulação. Fico até me perguntando se esse jogo chegou a ser lançado aqui no Brasil …



The Texas Chainsaw Massacre não tem tanta violência visual quanto Halloween, e no geral é um game muito inferior: os gráficos são meio toscos, com elementos de cenário em tamanhos desproporcionais uns em relação aos outros. Ao contrário das mortes graficamente bem feitas de Halloween, nesse jogo as vítimas mortas são transformadas numa sopa disforme de pixels quadradões, incompreensível demais para gerar impacto visual. Sem falar que a mecânica do jogo é repetitiva demais, o que torna o jogo chato depois de cinco ou dez minutos. Vale mais como curiosidade histórica (principalmente para fãs de games de terror) do que como uma experiência realmente satisfativa em termos de jogos de Atari.
Bem, pessoal, nossa etapa-halloween da Maratona Atari vai ficando por aqui. Mas a semana ainda é longa até o Dia das Bruxas, e mais games antigos de terror irão dar as caras nos próximos dias. Fiquem de olho, corpos e almas!


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